sábado, 20 de outubro de 2012

Da série "Trecos que eu curto" - Onimusha: Warlords


Logo que entrei na geração passada, com o Playstation 2, meu primeiro jogo foi "Onimusha 3: Demon's Siege"(o qual, confesso, comprei principalmente por ser estrelado por um de meus atores favoritos, Jean Reno. Podem apedrejar). Rapidamente fiquei impressionado com os gráficos, jogabilidade e personagens marcantes que habitavam aquela mitologia criada pela Capcom. Gostei tanto do jogo(e até hoje é um dos meus favoritos para o console), que logo após termina-lo, parti numa caça aos dois primeiros títulos da série. O segundo jogo, "Onimusha 2: Samurai's Destiny", se mostrou um jogo decente, com bons desafios e alguns personagens memoráveis, mas pareceu completamente diferente do terceiro em questão de seriedade, violência e monstros. Foi como se os samurais do jogo tivessem suas roupas feitas por estudantes de moda dos anos 70, ou algo do tipo, e tinha até Gogandantes, o Michael Jackson dos demônios(sério!). Não foi uma experiencia inválida de jeito nenhum, apenas inferior e menos memorável. E, depois de exatos 3 anos de procura(ufa!), achei o primogênito da série, o qual se tornou um dos meus jogos favoritos de todos os tempos.




Como antes, vou tentar não entregar pontos-chave da narrativa aqui, me limitando apenas a ambientação, jogabilidade e personagens.

Onimusha: Warlords começa de forma épica, em uma fantástica animação em CG recriando a lendária(e verídica) batalha de Okehazama, na qual o lorde Nobunaga Oda derrotou Yoshimoto Imagawa. Aqui porém, diferente da história real, Nobunaga leva uma flechada logo após sua vitória e morre.
Um ano depois, o samurai Samanosuke Akechi("interpretado" via motion-capture pelo astro japonês Takeshi Kaneshiro), que lutou ao lado de Imagawa na batalha, recebe uma carta de sua prima, a jovem princesa Yuki, que lhe avisa que estranhas atividades vem acontecendo em sua casa, o castelo Inabayama. Os criados vinham desaparecendo a algum tempo, e Yuki suspeita que tudo seja obra de monstros. Assustada, Yuki pede que Samanosuke venha rápido para protege-la. O samurai imediatamente parte para o castelo, acompanhado da ninja Kaede, mas a princesa havia desaparecido antes que ele chegasse. Paralelamente, descobrimos que Nobunaga foi ressucitado pelos mesmos demônios que sequestraram a princesa, e se aliou a eles. E assim começa a jornada de Samanosuke e Kaede.




As comparações entre Onimusha:  Warlords e a série Resident Evil foram imensas, principalmente por ambas serem séries com zumbis publicadas pela Capcom e se passarem em uma grande mansão(castelo, no caso de Onimusha). O jogo tambem tem uma forte semelhança seria com os primeiros jogos da série Castlevania, podendo até ser considerado meio que um spin-off por alguns, visto que são jogos com  clima e ambientação bem semelhantes. Diferente de RE, Onimusha usa um sistema de batalha mais direto, com fiel representação do estilo de luta dos samurais que pra mim resultou em uma das jogabilidades mais viciantes da época. Durante o jogo, você deve coletar espadas encantadas que contem poderes como trovão, fogo e vento. Estas espadas tambem servem para resolver puzzles, já que certas portas só podem ser abertas com um golpe de uma delas. Outro aspecto unico é o bracelete do clâ dos Ogros, que é presenteado a Samanosuke para sugar a alma dos seus inimigos mortos. Essas almas são usadas para upgrades nas espadas, alem de aumentar a potência de flechas e balas de mosquete. A ninja Kaede possui um sistema de luta próprio, utilizando uma adaga e kunais, mas sem upgrades. Os gráficos do jogo são simplesmente lindos, principalmente levando em conta que o game foi criando com intenção de ser lançado no ps1, sendo que a Capcom resolveu mudar esse plano quase em cima da hora. Muitos jogos do final do ps2 tinham gráficos que ainda pareciam inferiores aos de Onimusha: Warlords.






A ambientação no jogo é simplesmente fantástica. Com uma reconstrução de época de primeira, vemos o castelo Inabayama cercado de cadáveres, enquanto demônios gigantes portando velhas armaduras de samurais arrastam suas sangrentas espadas pelos corredores. O castelo está citiado de demônios, e seus corredores se encontram repletos de cadáveres de guardas e empregados. Ainda há alguns poucos vivos pelo castelo, mas ao acha-los, você tem que protege-los rápido, pois geralmente se encontram em cômodos com 3 a 5 demônios, e o jogo não perdoa nenhum espertinho que tente avançar sem fazer upgrades em suas abilidades! Este é sem dúvidas um dos jogos mais claustrofóbicos que ja joguei, especialmente por seus cenários serem tão cuidadosamente criados, sem passar a sensação de "papelão desenhado", como acontecia com vários jogos lançados na época. Outra estrelinha de ouro vai para a trilha sonora, com instrumentos da época que fazem um grande trabalho em mesclar tensão e fascínio para aquele mundo. A flauta que ecoa durante o menu do jogo é uma das trilhas que mais me marcaram até hoje.




A variedade de inimigos tambem é algo a notar. Alem dos onipresentes zumbis com espadas, temos monstros com tentáculos no lugar dos braços, gigantes com machados e ninjas com lâminas no lugar dos punhos. De início eles podem não lhe dar muito trabalho, mas experimente ficar preso em um corredor estreio com 3 samurais demônios colados em você e sem poderes pra usar e tente não ver a morte lhe acenando atraz deles. Os chefes tambem brilham, desde o grandalhão Osric a voadora Hecuba e o chato-pra-morrer Marcellus(3 lutas com o maldito). Meu vilão favorito seria o cientista Guildenstern, que não é um chefe mas que deixa sua marca em suas poucas cenas(e ganha muito mais atenção no terceiro jogo).



Caso Samanosuke esteja com poucas almas para fazer upgrades necessários em cima da hora, em um certo momento do jogo, surge um dos meus personagens favoritos, e mascote da série, conhecido apenas como Gate Keeper(no Japão, Minogoro). Este estranho "aliado" convida Samanosuke para adentrar o Dark Realm, uma dimensão abitada por demônios, em que nosso herói precisa matar um grupo de demônios diferentes para ir descendo cada vez mais o Dark Realm. No ultimo lével, você conquista a chave para a espada mais poderosa do jogo, a Bishamon Sword. Carinha legal esse Minogoro, não?




Onimusha: Warlords já foi chamado de "o survival-horror para aqueles que não gostãm de survival-horror". Até entendo a afirmação, mas eu o consideraria mais um "survival-action-horror", na linha de Bioshock e dos primeiros Castlevania. O segundo jogo tentou ser mais leve que o antecessor, e ter uma direção de arte mais pop, o que desagradou muitos fãs(eu, inclusive), mas continua um jogo divertido. O terceiro é uma verdadeira sequencia, levando os cenários claustrofóbicos e cheio de cadáveres do Japão feudal para a moderna Paris. Dawn of Dreams, o quarto título da série, eu nem gosto de lembrar, visto que trai tudo que a série sempre propôs, um "BETRAYAL!" que merece ser incinerado e esquecido por todos. Portando, se você gosta de cultura e história oriental, samurais, e uma pitada de demônios assassinos e poderes mágicos, não deixe de se aventurar neste mundo sombrio e fantástico.